“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por
todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não
vivam mais para si mesmos, pás para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”
2 Coríntios 5.14-15
O que significa ser um cristão? Charles Hodge, um dos grandes teólogos
reformados do século XIX, achou a resposta neste texto: “É ser constrangido por
um senso do amor do nosso divino Senhor, de tal modo que lhe consagramos nossa
vida.”
Ser um cristão não significa apenas crer, de coração, que Cristo morreu
por nós. Significa “ser constrangido” pelo amor demonstrado nesse ato. A
verdade nos pressiona. Ela força e se apropria; impele e controla. A verdade
nos cerca, não nos deixando fugir. Ela nos prende em gozo.
Como a verdade faz isso? Paulo disse que o amor de Cristo o constrangia
por causa de um julgamento que ele fazia a respeito da morte: “Julgando nós
isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.” Paulo se tornou um cristão
não somente por meio da decisão com base no fato de que Cristo morreu pelos
pecadores, mas também por meio do sábio discernimento de que a morte de Cristo
foi também a morte de todos aqueles em favor dos quais Ele morreu.
Em outras palavras, tornar-se um cristão é chegar a crer não somente que
Cristo morreu por seu povo, mas também que todo o seu povo morreu quando Ele
morreu. Tornar-se um cristão é, primeiramente, fazer esta pergunta: estou
convencido de que Cristo morreu por mim e de que eu morri nEle? Estou pronto a
morrer, a fim de viver no poder do amor dEle e para a demonstração da sua
glória? Em segundo lugar, tornar-se um cristão significa responder sim, de coração.
O amor de Cristo nos constrange a responder sim. Somos tão dominados pelo
amor de Cristo, que o mundo desaparece.
Um cristão é uma pessoa que vive sob o constrangimento do amor de Cristo.
O cristianismo não é meramente crer num conjunto de doutrinas a respeito do
amor de Cristo. É uma experiência de ser constrangido por esse amor – passado,
presente, futuro.
Entretanto, esse constrangimento surge de um juízo que fazemos sobre a
morte de Cristo: “Quando Ele morreu, eu morri.” É um julgamento profundo.
“Assim como o pecado de Adão foi, legal e eficazmente, o pecado de toda a raça,
assim também a morte de Cristo foi, legal e eficazmente, a morte de seu povo.”
Visto que nossa morte já aconteceu, não temos mais condenação (Rm 8.1-3). Isto
é a essência do amor de Cristo por nós. Por meio de sua morte imerecida, Cristo
morreu nossa morte bem merecida e abriu o seu futuro como o nosso futuro.
Portanto, quando deixamos de fazer a nossa vontade para fazermos a
vontade de nosso Salvador, na verdade não estamos abrindo mão de nada, mas
estamos tomando a melhor decisão que podíamos tomar, pois a vontade de Cristo
para nós é que sejamos salvos e eternamente vitoriosos, através do seu
sacrifício em nosso lugar.
Assim, o juízo que fazemos sobre a morte de Cristo resulta em sermos
constrangidos pelo amor dEle. Charles Hodge expressou assim esse
constrangimento: “Um cristão é alguém que reconhece Jesus como o Cristo, o
Filho do Deus vivo, como Deus manifestado em carne, que nos amou e morreu por
nossa redenção. É também uma pessoa afetada por um senso do amor deste Deus
encarnado, a ponto de ser constrangida a fazer da vontade de Cristo a norma de
sua obediência e da glória de Cristo o
grande alvo em favor do qual ela vive.”
Como não viver por aquele que morreu nossa morte, para que vivamos sua
vida? Ser um cristão é ser constrangido pelo amor de Cristo.
Adaptado de John
Piper, Uma Vida Voltada para Deus.
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