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O Caráter do Líder Cristão


O CARÁTER DO LÍDER CRISTÃO
I-       Introdução
A grande maioria dos autores que tratam sobre a liderança afirma que o caráter tem um papel fundamental na vida de qualquer líder. Se o caráter for defeituoso, certamente o líder fracassará em seu trabalho.
John Maxwell afirma: “O modo como o líder trata das circunstâncias da vida diz muito sobre o seu caráter. As crises não formam necessariamente o caráter, mas certamente o revelam. A adversidade é uma encruzilhada que obriga a pessoa a escolher um dos dois caminhos: o caráter ou a concessão. Toda vez que a pessoa escolhe o caráter, torna-se mais forte, ainda que a escolha traga consequências negativas” (As 21 Indispensáveis qualidades de um líder, p. 17).
David Hocking afirma que “a maneira como vive um líder fala tão alto que nem se pode ouvir o que ele diz. É um piedoso estilo de vida que faz um líder espiritual ser aquilo que ele deve ser, de tal modo que as pessoas possam depender da sua liderança” (As Sete Leis da Liderança Cristã, p. 22).
James C. Hunting afirma que “a autoridade não pode ser comprada nem vendida, nem dada ou tomada. A autoridade diz respeito a quem você é como pessoa, a seu caráter e à influência que estabelece sobre as pessoas” (O Monge e o Executivo, p. 24).

II-     Algumas afirmações importantes sobre Caráter de John Maxuell:
1-                 Caráter é mais do que falar – Qualquer um pode dizer que tem integridade, mas a ação é o verdadeiro indicador do caráter. Seu caráter determina quem você é. Quem você é determina o que você vê. O que você vê determina o que você faz. Por isso, nunca se pode separar o caráter de um líder de suas ações.
2-                 Talento é um dom, mas caráter é uma escolha – Não temos escolha sobre muitas coisas na vida, como pais, local de nascimento, nossos talentos e QI. Entretanto escolhemos o nosso caráter.
3-                 Caráter traz sucesso duradouro com as pessoas – A verdadeira liderança sempre envolve outras pessoas (como diz o ditado sobre liderança: se você pensa que está liderando, e ninguém o segue, então você está apenas passeando). Os seguidores não confiam em líderes cujo caráter apresenta falhas, nem o seguirão.
4-                 Os líderes não podem estar acima das limitações do próprio caráter – você já viu pessoas altamente talentosas que se desestruturam ao alcançar certo nível de sucesso? A explicação desse fenômeno é o caráter. Geralmente as pessoas caem em uma destas quatro áreas: Arrogância, sentimentos dolorosos de solidão, busca de aventuras destrutivas ou adultério. Qualquer uma delas é um preço terrível a pagar pela fraqueza de caráter.
(Exemplo: A história de Bill Lear, fundador da Learjet).

III-   Qualidades Essenciais de Caráter (1 Tm 3.1-7)
1- Maturidade. É preciso maturidade e experiência para que alguém seja um líder espiritual. 1 Tm 3.9 diz que os diáconos devem conservar “o mistério da fé com a consciência limpa”. Um líder espiritual deve ser alguém dotado de uma inflexível decisão de dedicar-se ao evangelho de Cristo e às doutrinas da Palavra de Deus, sem qualquer hesitação. O líder não deve ser neófito (1 Tm 3.6), pois o novo convertido está mais sujeito a encher-se de orgulho diante de uma posição de liderança.
2- Vida Familiar exemplar. A maneira como alguém vive no lar influencia o modo como se exerce a liderança. Para os casados é fundamental a observação de Paulo, que seja “marido de uma só mulher” (1 Tm 3.2). O líder deve ter uma devoção incondicional por seu cônjuge. Não deveria haver qualquer dúvida, nas mentes das pessoas, acerca da lealdade e amor de um líder cristão para com seu cônjuge.
3- Sobriedade. O líder deve ser sóbrio. Uma pessoa sóbria mostra-se tranquila e calma em seu juízo, bem clara em sua maneira de pensar e em sua perspectiva. É alguém de ânimo estável, que não reage exageradamente diante das crises, tornando-se nervoso ou inseguro.
4- Prudência. Uma pessoa prudente é ao mesmo tempo humilde e sã em suas avaliações acerca de suas próprias habilidades e dons.   
5- Modéstia. A modéstia é uma qualidade que mostramos quando lidamos com as situações, boas ou ruins. O líder modesto enfrenta as situações de um modo organizado, equilibrado. Ele não se sente avassalado pelas pressões e circunstâncias da vida, antes, tais coisas lhe dão impulso. Ele não foge de suas responsabilidades, mas antes, enfrenta-as de frente.
6- Hospitalidade. Quem é hospitaleiro mostra-se aberto às pessoas desejando ministrar a elas de alguma maneira.
7- Aptidão para o ensino. Essa é a qualidade de alguém que apresenta a Palavra de Deus de maneira não ameaçadora, objetiva, paciente e amorosa. A melhor maneira de identificarmos essa qualidade é quando outras pessoas discordam de nós.
8- Não Violência. Disposição de não agredir seja verbal ou fisicamente. O cristão deve ser alguém que prefira sofrer a agressão em vez de agredir. O líder cristão muito mais. Ao contrário o líder cristão deve ser cordato, deve buscar a paz.
9- Inimizade de contendas. Você não poderá ser um líder espiritual se viver continuamente lutando contra outras pessoas, insistindo em defender a sua própria maneira de ser e os seus direitos.
Outros textos a serem estudados: Tito 1.5-9; At 6.1-7; 1 Tm 4.12-16. Aliste as qualidades de caráter apontadas nestes textos:
Tito 1.5-9:
 At 6.1-7:
 1 Tm 4.12-16:
 IV-  Maus Hábitos que representam grandes ameaças na vida do líder
1- Um Líder espiritual deve evitar os vícios
2- O líder deve evitar o amor ao dinheiro
3- O perigo da queda na área sexual
V-    A Vida de Oração do Líder.
“Em nenhum outro setor o líder deveria estar mais à frente de seus liderados do que na oração. A oração é a expressão mais antiga, mais universal e mais intensa do instinto religioso. Toca extremos infinitos. É, ao mesmo tempo, a mais simples forma de expressão vocal, que lábios infantis podem soletrar, e os mais sublimes louvores que chegam ao trono da majestade, lá em cima. É na verdade, o sopro vital do crente e sua atmosfera nativa” (Osvald Chambers).
“Trabalhar, trabalhar desde cedo até bem tarde. Na verdade tenho tanto trabalho a fazer que passarei minhas primeiras três horas em oração” (Martinho Lutero).
“Não há modo de aprender a orar, senão orando” (Chambers).
Há alguns obstáculos presentes em nós mesmos quanto à oração: a iniquidade do coração, a ignorância da mente e a fraqueza do corpo, mas todas elas são vencidas com a ajuda do Espírito Santo que opera em nós. Devemos lembrar que junto à nossa fraqueza opera a oposição sutil de Satanás, que busca nos desmotivar de todo exercício espiritual, mas quando oramos de modo intenso e persistente, o Espírito Santo age e nos liberta destes obstáculos.
VI- Os Estágios do Desenvolvimento da Liderança
1- Procure estabelecer uma linha do tempo de sua vida espiritual

2- Identifique alguns elementos de processamento que Deus tem usado para trabalhar seu desenvolvimento como líder.

 Literatura recomendada:
John Maxwell, As 21 Indispensáveis qualidades de um líder, Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007, 140 p.
David Hocking, As Sete Leis da Liderança Cristã, São Paulo: Abba Press, 1993, 315 p.
James C. Hunting, O Monge e o Executivo, Rio de janeiro: Sextante, 2009, 127 p.
J. Robert Clinton, Etapas na Vida de Um Líder, 2ª Ed. Londrina: Descoberta Editora, 2009, 236 p.

CARTA A DAN, UM ESTAGIÁRIO[1]
Dan era um seminarista de vinte e tantos anos de idade, que sentiu que Deus o chamara para ser missionário entre os chineses. Durante seu segundo ano no seminário, ele ficou insatisfeito com todo o estudo envolvido, e pensou em ir aonde tinha mais ação. Tomou a decisão, saiu do seminário e foi para Hong Kong para um estágio de nove meses.  Só que as coisas não saíram como ele esperava. Pediram-lhe para fazer pesquisas acadêmicas na história e cultura chinesas, mas sua descrição de atividades era confusa. Seu superior raramente estava disponível.
Dan queria envolver-se no ministério com os chineses, mas sabia muito pouco da língua local. Começou a dar aulas de inglês para alguns chineses. A China continental também o atraía. Talvez ele devesse desistir do seu estágio e ir atrás disso. Estava perplexo, até frustrado. Foi nesta altura, mais ou menos no meio do seu período de estágio, que eu lhe escrevi.

"Querido Dan,
Alegrou-nos muito receber sua carta de oração. Marilyn e eu sempre gostamos de ouvir de você. Fiquei contente de saber da sua situação. Vejo um grande potencial para crescimento interior. É muito bom quando entendemos que estamos no programa de treinamento de Deus. Ele sempre adapta seu currículo a nós. Isso é que é desenvolvimento a longo prazo! Deus tem isso em mente ao adequar o currículo de cada pessoa à sua atuação em nossa vida. E pelo que vejo, você está passando por uma disciplina fundamental. Talvez você pensasse que estivesse fazendo uma matéria optativa, mas esse não é o caso.
Uma das minhas áreas de estudo, pesquisa e ensino é a dos padrões de surgimento de liderança, conhecida como teoria de desenvolvimento de liderança. Isto força você a olhar a vida a partir de perspectivas de longo prazo. Quando você toma distância e observa a vida de alguém com um telescópio, você vê coisas que de outra forma passariam despercebidas. Deixe-me mencionar quatro coisas que acho que estão acontecendo em sua situação. Não sou dogmático nas afirmações, mas ofereço-as como ideias que podem ajudá-lo a ver com mais clareza o que Deus está fazendo atualmente em você.
Em primeiro lugar, preciso traçar um pano de fundo para que você compreenda minha linguagem. A teoria de desenvolvimento de liderança começa com o conceito de formulação de
uma linha de tempo. O estudo da linha de tempo é exclusivo em cada indivíduo. Contudo, depois de ver suficientes linhas de tempo, você percebe alguns padrões gerais. Abaixo mostro um padrão ideal sintetizado do estudo de muitos padrões individuais. Apesar de não ser especificamente verdadeiro para todas as pessoas, ele pinta um quadro funcional.

Veja que há cinco fases de desenvolvimento:
Às vezes, apesar de isso ser raro, há uma sexta fase que chamo de "pôr-do-sol" ou "celebração". Na vida real, o desenvolvimento das fases III, IV e V com frequência se sobrepõe, apesar de eu mostrá-las aqui em um padrão sequencial:
Na fase I, Deus, em sua providência, prepara elementos fundamentais para a vida do futuro líder. Características da personalidade, boas e más experiências e o contexto da época serão usados por Deus. Os blocos de construção já estão todos aí, mesmo que a estrutura que está sendo construída ainda não possa ser discernida. Os traços de caráter estão embutidos. Esses mesmos traços, na forma madura, serão adaptados e usados por Deus. Com frequência se verá mais tarde que os traços de personalidade são correlatos ao conjunto de dons concedidos por Deus. Uma visão em retrospectiva durante o estágio da convergência tornará mais fácil esclarecer que relação os elementos fundamentais têm com a liderança madura. Via de regra a situação limítrofe entre as fases I e II é a experiência de conversão (ou um compromisso de entrega total) em que o líder em potencial aspira por levar uma vida que faz diferença para Deus.
Na fase II o líder emergente geralmente recebe algum tipo de treinamento. Com frequência este é informal." no contexto do ministério. O futuro líder aprende trabalhando no âmbito da igreja local ou organização cristã. Os modelos básicos pelos quais aprende são: imitação de um modelo, aprendizado informal e a tutela de um mentor.  Às vezes ele passa por treinamento formal (especialmente se pensa em liderança em tempo integral) em um seminário ou faculdade teológica." Em alguns desses programas acadêmicos o estudante também adquire experiência ministerial. À primeira vista, pode parecer que o treinamento ministerial é o enfoque dessa fase de desenvolvimento. Uma análise mais de perto, porém, mostra que a concentração maior de Deus é no desenvolvimento interior. O verdadeiro programa de treinamento é no coração da pessoa, onde Deus está efetuando alguns testes de crescimento. Creio que é por esses testes que você está passando aí em Hong Kong.
Na fase III, o líder em formação entra para o ministério, como enfoque principal da sua vida. Ele receberá mais treinamento, informal por projetos de crescimento auto didáticos ou não formal por cursos voltados para sua função etc. As principais atividades na fase III são ministeriais. O treinamento que acontece é mais incidental e, com frequência, não intencional. É o ministério que parece ser tão importante! A maioria das pessoas está ansiosa para pular a fase II e passar ao que realmente interessa - a fase III, o ministério. Parece que esse é o seu caso. Você está ansioso para começar seu ministério com os chineses.
O que é surpreendente é que, durante as fases I, II e III, Deus está trabalhando principalmente no líder (não por meio dele). Seu ministério pode estar sendo frutífero, mas a obra principal é o que Deus está fazendo com o líder ou nele, não por meio dele. A maioria dos líderes em formação não reconhece isso. Eles avaliam a produtividade, as atividades, os frutos etc. Deus, contudo, está tentando, em silêncio e com frequência de maneiras incomuns, levar o líder a ver que só se pode ministrar a partir do que se é. Deus se importa com o que somos. Nós queremos aprender mil coisas porque há tanto a aprender e fazer. Mas ele quer ensinar-nos apenas uma coisa, talvez de mil maneiras diferentes: “Estou formando Cristo em você.” É isso que dará poder ao ministério que você tem. A fase IV terá essa ênfase: “Você ministra do que você é”.
Durante a fase IV o líder identifica e usa seu conjunto de dons com poder. Os frutos que ele dá são maduros. Deus age por meio do líder usando a imitação de modelos (Hb 13.7,8). Isto é, Deus usa a vida e os dons da pessoa para influenciar outros. Esse é um período em que os dons se manifestam junto com as prioridades. A pessoa reconhece que parte da orientação de Deus para o ministério vem por estabelecer prioridades para o ministério pelo discernimento dos dons.
Durante a fase V ocorre a convergência. Isto quer dizer que o líder é levado por Deus a desempenhar um papel que combina seu conjunto de dons, sua experiência, seu temperamento etc. A localização geográfica é um elemento importante na convergência. A função não apenas libera o líder de ministérios para os quais ele não tem dons, mas também destaca e usa o melhor que o líder tem a oferecer. São poucos os líderes que experimentam a convergência. Muitas vezes eles são promovidos para funções que dificultam o uso do seu conjunto de dons. Além disso, poucos líderes ministram a partir do que são. Sua autoridade geralmente vem de um cargo. Na convergência, o que a pessoa é e sua autoridade espiritual formam a verdadeira base de poder para o ministério maduro.
A longo prazo, Deus está preparando você para a convergência. Ele está moldando-o à imagem de Cristo (Rm 8.28,29) e dando-lhe treinamento e experiência para que você descubra seus dons. Seu alvo é um líder cheio do Espírito através do qual o Cristo vivo ministra, utilizando os dons espirituais do líder. O fruto do Espírito é a marca do cristão maduro. Os dons do Espírito são a marca de um líder que é usado por Deus. Deus quer esse equilíbrio. Sua estratégia é atuar em você, e só depois através de você.
Durante todas as fases de desenvolvimento, Deus processa a pessoa trazendo atividades, pessoas e problemas - você que o diga! - para a sua vida. Chamamos esses de elementos de processamento. Os propósitos básicos de Deus com esses elementos de processamento eu já expliquei acima. Ao estudarmos a vida das pessoas, pudemos identificar e rotular alguns desses elementos de processamento. Um deles é um teste de integridade.'? Geralmente isso se dá na fase de crescimento interior e no começo da fase de ministério. Tenho a impressão de que seu estágio em Hong Kong é um teste de integridade. Quando o líder passa no teste de integridade, torna-se mais forte e capaz de servir a Deus em uma esfera de influência mais ampla.
Um teste de integridade checa a coerência do caráter interior. Você é fiel a seus compromissos? Talvez Deus esteja usando seu tempo em Hong Kong para que você veja se vai perseverar em seu desejo de ministrar aos chineses. Uma coisa é tomar uma decisão no calor do momento (ou na quietude, conforme o caso). Coisa bem diferente é servir por toda a vida. Talvez o que Deus esteja lhe dizendo com essa experiência é o que está em Jeremias 12.5: "Se você se cansa apostando corrida com os homens, como é que vai correr mais do que os cavalos? Se você não se sente seguro em uma terra de paz, como é que vai viver nas matas do rio Jordão?"
Isolamento é outro elemento de processamento. Por diversas vezes durante a vida o líder pode ser colocado de lado. Via de regra esse elemento de processamento aparece na fase de ministério e de amadurecimento da vida. Esses períodos de isolamento podem ocorrer em razão de crises, doenças, perseguição ou disciplina, escolha própria, ou circunstâncias providenciais.
Por quê? (Tenho certeza de que você fez essa pergunta!) Os elementos de processamento de isolamento são usados por Deus para ensinar lições de liderança interiores importantes, que não poderiam ser aprendidas na correria das pressões e atividades do ministério normal. Deus primeiro tem de conseguir a sua atenção. Depois ele o ensina.
Estou entendendo que Deus está processando você com um tipo de isolamento. No seu caso, este resultou de uma soma de escolha própria com circunstâncias providenciais. Nessas formas de isolamento, Deus quer ensinar uma ou mais das seguintes lições:

  •   Uma nova perspectiva do ministério;
  •   Novo despertamento do senso de destino;
  •   Flexibilidade na abertura a novas ideias e mudanças;
  •   Ampliação do horizonte pela exposição a outros;
  •   Convicções interiores pela Palavra;
  •   Orientação.
Sua parte é corresponder a esse processamento e identificar as lições que Deus tem nele para você.
A tarefa ministerial, que via de regra aparece na fase II é uma incumbência de Deus em que o líder é testado em alguma lição básica. Completando a tarefa ministerial com sucesso, o líder geralmente recebe uma tarefa maior. Você pode ver esse elemento de processamento na vida do líder Tito, na Bíblia. Eu também a vi na vida de Watchman Nee, um líder chinês. Estes e outros exemplos constam de meu manual auto didático sobre padrões de surgimento de liderança.
As tarefas ministeriais podem ser formais ou informais. Elas podem parecer tarefas dadas por alguém ou escolhidas pelo próprio líder mas, cedo ou tarde, se a pessoa está aberta e sensível ao processamento por Deus, reconhecerá que na verdade foi Deus quem deu a tarefa. Por isso, presta-se contas na verdade a ele. Tarefas ministeriais envolvem acumular experiência, adquirir conhecimento ou fazer coisas que manifestarão caráter e dons. Com frequência o princípio do pouco e do muito, explicado em Lucas 16.10, está em vigor. Você consegue ser fiel em coisas pequenas? Talvez você não consiga ver a importância das coisas pequenas no momento, mas será que pode executar com fidelidade o que lhe foi atribuído? Se sim, então coisas maiores poderão lhe ser dadas. Se não, Deus terá de ensinar-lhe a mesma lição novamente.
Suas aulas de inglês para aquela família chinesa podem bem ser uma tarefa ministerial dada por Deus. Ele lhe ensinará lições sobre você mesmo e seu amor (ou falta de amor) pelos chineses. Isso será um aprendizado experimental na esfera de influência. Será que você pode aprender a influenciar um grupo pequeno pelo que você é (você como modelo de vida com Cristo) e o que você ensina? Seu projeto de pesquisa e estudo da cultura e história chinesa também pode ser uma tarefa ministerial. Seja fiel em executa-la. Deus pode estar lhe dando informações que ele quer que você use mais tarde.
Tarefas ministeriais nem sempre são bem definidas e discerníveis. Todavia, elas são degraus para outros ministérios. Sua responsabilidade é executá-las como para o Senhor. Atuando na igreja ou em uma organização cristã e tendo influência ali, você vê isso o tempo todo com líderes novos e jovens. Na verdade, você provavelmente usará esse discernimento deliberadamente para testar e treinar futuros líderes.
Talvez a questão chave em tudo isso é submissão. Você está disposto a submeter-se aos propósitos de Deus para você neste momento? Qualquer pessoa pode submeter-se a algo que deseja. A submissão é testada apenas quando não se deseja aquilo. Aprender submissão pode ser a razão mais importante porque o Senhor o levou até Hong Kong. Uma coisa é saber qual é a vontade de Deus; outra coisa bem diferente é saber a hora certa (o que e quando). Pelo que vejo, você ainda não está preparado para um ministério pleno. Deus não tem a mesma pressa que você e eu temos. Ele está mais interessado em moldar você e eu primeiro. A submissão é uma lição essencial à liderança.
Algumas sugestões:
Trabalhe a submissão. Acabei de voltar de um seminário na Nova Zelândia. Depois que falei dos meus projetos de crescimento, um dos participantes deu-me estas palavras de Andrew Murray, um renomado cristão da África do Sul:
1) Ele me trouxe aqui. É por vontade dele que estou exatamente neste lugar. Neste fato quero descansar;
2) Ele me conservará aqui em seu amor e me dará graça para agir como filho seu;
3) Depois ele fará da provação uma bênção, ensinando-me as lições que ele quer que eu aprenda;
4) Na sua boa hora, ele me tirará daqui - ele sabe como e quando. Por isso eu digo: estou a) aqui por decisão de Deus, b) protegido por ele, c) sendo treinado por ele, d) enquanto ele quiser.
Naquela ocasião eu não entendi muito bem por que recebi essas palavras. No entanto, depois de ler a sua carta, ficou claro para mim que elas não eram apenas para mim, mas também para você. Enquanto meditava hoje de manhã, fui motivado (pelo Espírito Santo, eu creio) a enviá-las para você.
Leia o capítulo sobre "Tempo" em Principles of spiritual growth, de Miles Stanford.  Ele tem algo a lhe dizer exatamente agora, onde você está. Você está com pressa de continuar no ministério. Observe particularmente a citação sobre a diferença entre a abóbora e o carvalho.
Espere no Senhor. Ele o conduzirá por um caminho plano quando for a hora.
Converse com meu amigo Steve Torgerson. Ele é um missionário independente em Hong Kong, passando por uma fase de isolamento porque precisa estudar a língua chinesa. Ele foi muito bem preparado por Deus. Seu aprendizado multifacetado é uma forma de treinamento informal que foi usado por Deus para equipá-lo para o ministério. Só que ele ainda não pode dedicar-se a ele por causa da barreira da língua. Ele sabe pelo que você está passando. Conviva um tempo com ele. Cultive sua amizade e busque seu conselho. Ele será um irmão mais velho bom e saudável para você.
Leia a história de J. O. Fraser, que serviu na China (Chuva na montanha, de Eileen Crossman. Monte Verde, Missão Horizontes/Curitiba, 1999). Ele foi preparado pelo isolamento. Eu acho que você está preparado para ele agora. Deus se encontrará com você enquanto você lê.
Bem, eu pretendi escrever apenas uma pequena carta, e ela quase se tornou uma epístola. Se você estivesse aqui, eu não pouparia tempo para conversar com você e compartilhar essas coisas - então, por que não fazê-lo por carta? O apóstolo Paulo fazia isso.
Seu colaborador"
Bobby Clinton 



[1] J. Robert Clinton, Etapas na Vida de Um Líder, 2ª Ed. Londrina: Descoberta Editora, 2009. Capítulo 1, p. 25-32

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