Em uma
grande pesquisa feita com 1.000 igrejas de várias partes do mundo, o Dr.
Christian A. Schwarz chegou à conclusão de que a multiplicação constante dos
grupos familiares é um princípio universal de crescimento da igreja. Segundo a
sua pesquisa a multiplicação dos pequenos grupos é o princípio mais importante
para o crescimento da igreja.
Mas, qual é
a melhor estratégia com relação aos pequenos grupos ou células? Há algumas
posições:
O Dr.
Valdeci Santos afirma que “a igreja é um organismo vivo, não meramente uma
organização. Cada pessoa na igreja é realmente uma célula, uma parte do corpo.
Todavia nos últimos anos a palavra célula teve uma mudança. A ênfase na célula
tem se tornado cada vez mais acentuada”.
Igreja com células: há pequenos grupos com liderança
preparada, reuniões em lares, mas permanece a reunião no templo. A célula é
interdependente com o grupo maior.
Igreja em células: numa eclesiologia reformada não se
encaixa. Pois cada célula se torna uma igreja. A pessoa se reúne em células, é
batizada, toma a ceia, é disciplinada etc. Em suma a célula é uma igreja
independente.
Dentro da pesquisa do Dr. Schwarz houve a seguinte questão:
“Na nossa igreja é mais importante que uma pessoa participe de um grupo
familiar do que do culto”. A resposta da grande maioria foi negativa, tanto
entre igrejas que crescem como em igrejas que não crescem. Portanto, colocar a
célula acima da igreja como um todo, é uma posição radical não predominante.
Segundo Schwarz, “o fator decisivo para um grupo familiar
alcançar o seu objetivo é que ele seja um grupo holístico, ou seja, completo em
si mesmo. Isso significa que nesse grupo não só se estudam textos bíblicos, mas
as verdades bíblicas são constantemente relacionadas a fatos concretos da vida
diária dos cristãos. Os participantes desses grupos têm a possibilidade de
levar à comunhão do grupo questões que realmente mexem com eles no dia-a-dia”.
A- A Sociedade
Urbana
Para fazer uma exegese de nosso contexto há pelo menos duas
abordagens que posso utilizar. A perspectiva do helicóptero e a do viajante.
Você pode ver as coisas de longe, a perspectiva do helicóptero. A outra
perspectiva é a perspectiva do viajante, você desce e começa a caminhar com as
pessoas e você vai ter outra visão da realidade.
Quem faz isso melhor são os antropólogos e os missionários.
As características da sociedade urbana e o discipulado como
excelente método de abordagem neste contexto.
1- Características Urbanas:
Densidade: Na cidade o metro quadrado é mais caro e disputado
do que no campo.
Diversidade: Há uma grande diversidade e vários níveis nas
grandes cidades: cultural, religiosa, ética, graus de urbanização. A pessoa
numa grande cidade é cidadão de vários mundos. Essa diversidade vai te permitir
estabelecer várias redes de relacionamentos.
Há vários centros atrativos: emprego, tratamento de saúde,
escola.
No ministério urbano, a igreja poderia se beneficiar muito
investindo no ministério de acolhimento de pessoas que vêm do interior para a
capital, principalmente próximo às faculdades.
A cidade também é um centro de mudança. Há muitas mudanças
inesperadas na cidade. Mudança no trânsito, greve, demissão do emprego, crises
da juventude, mudanças de paradigma,
2- Aspectos da Sociedade Urbana.
Competitividade- como consequência da densidade as pessoas
têm que lutar pelo espaço.
Independência- Cada vez as pessoas têm que ficar
independentes mais cedo, como jovens que tem pegar vários ônibus para estudar e
crescer.
Flexibilidade- devido à diversidade perde-se um pouco das
tradições e dos costumes, e a rigidez fica menor. Devido às grandes mudanças as
pessoas perdem um pouco os laços, havendo menos profundidade nos relacionamentos
Cosmovisão
1- Aceitação da
diversidade (flexibilidade)
2- Individualista
3- Consumista
voltada para a novidade
4- Orientado
pela preocupação com o tempo.
3- Oportunidades do Ministério Urbano.
a- Relacionamentos
b- Mensagem de
Aceitação
c- Acolhimento O
ser humano precisa viver estas experiências em qualquer lugar que ele esteja,
seja em contextos urbanos ou não.
d- Mensagem de
significado. Algo que dê sentido para a vida da pessoa.
B- Bases
Bíblicas e Teológicas para os Pequenos Grupos (Ed René Kivitz)
Nada mais, nada menos, Deus é nosso paradigma para os
pequenos grupos. A Santíssima Trindade é o exemplo mais sublime de um pequeno
grupo: três pessoas vivendo em mutualidade e perfeita unidade. Esse Deus que se
relaciona consigo mesmo criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27),
tendo em vista relacionar-se com ele, e criou esse homem necessitado de
relacionamentos.
Vemos os pequenos grupos no povo de Israel, no deserto,
quando Jetro orientou Moisés a dividir o povo em grupos de mil, cem, cinquenta
e dez, dando mais agilidade e funcionalidade ao julgamento das demandas
populares e suprindo com mais rapidez e eficiência a necessidade daquele imenso
rebanho (Ex 18).
O Senhor Jesus foi o líder supremo de pequenos grupos. Robert
Coleman diz que a atenção do Senhor Jesus não estava focalizada prioritariamente
nas multidões, mas em formar homens a quem as multidões seguiriam. Seu método
para formar esses homens foi reuni-los num pequeno grupo (Mc 3.14).
A Igreja Primitiva também funcionou a base de pequenos
grupos. Aquela era a igreja de “todos os dias, no templo e nas casas” (At 2.46;
20.20).
O Novo Testamento mostra que a vida cristã é uma vida de
relacionamentos. O discipulado se faz através de relacionamentos, pois
discipular é “ensinar a guardar todas as coisas que o Senhor Jesus mandou” (Mt
28.19). Não somente o discipulado, mas o cuidado do rebanho se faz através de
relacionamentos. Podemos alistar os mandamentos recíprocos (aqueles dos uns aos
outros) e ficaremos desafiados a exortar, aconselhar, advertir, instruir, levar
as cargas e oferecer apoio, entre outras atitudes (Rm 15.14; Gl 6.2; Ef 4.2; Cl
3.16). Tudo isso não acontece nos eventos da comunidade, nem mesmo nas visitas
esporádicas ao gabinete pastoral, mas nos relacionamentos que são fomentados no
dia-a-dia do povo de Deus.
C- O
Conceito do Pequeno grupo
Há variedade de explicações e variedade de formas de pequenos
grupos, mas há alguns conceitos presentes em todos eles:
1- Relacionamentos.
Os pequenos grupos existem para aproximar as pessoas umas das outras. Os
relacionamentos não podem ser limitados somente ao período da reunião do grupo,
mas devem transcender a elas.
2- Quantidade.
Os pequenos grupos não existem para cuidar do item “quantidade”, e sim do
aspecto “qualidade”. Quando um pequeno grupo passa a ter mais de 12 pessoas,
ele deve ser encorajado a se multiplicar, dando origem a outros pequenos
grupos.
3- Reuniões
regulares. A convivência é o segredo da intimidade e o meio através do qual
pode-se desenvolver a mutualidade.
4- Discipulado.
Discipular é “ensinar a guardar todas as coisas que Jesus ordenou”. A dinâmica
do “uns aos outros” cria o fórum para a troca de experiências e observações
necessária ao processo de aprendizagem.
D- As
Reuniões dos pequenos Grupos
Geralmente as reuniões dos pequenos duram 90 minutos
divididos em três partes:
1- Compartilhar. Este é o momento em que cada um pode falar
acerca de suas inquietações e sentimentos, apresentar seus pedidos de oração,
compartilhar experiências e testemunhos.
2- Orar. Todos devem orar, inclusive aqueles que não sabem
orar, os quais na verdade, pensam que não sabem.
3- Estudar a Bíblia. Os estudos bíblicos no pequeno grupo
devem ser participativos, relevantes, contextualizados e práticos.
Bibliografia:
Schwarz, Christian A. O
Desenvolvimento Natural da Igreja, Curitiba: E. E. Esperança, 1996, p.
32-33
Kivitz, Ed. René, Pequenos
Grupos, Uma Velha Novidade, in: Ultrapassando Barreiras, São Paulo: Vida Nova, 1994, p. 59-72.
Estudo ministrado para a liderança da IPB Rolândia em fevereiro de 2015
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