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Discernimento, Foco e Generosidade

 I-       Discernimento – “Primeira regra dos buracos: quando você estiver dentro de um, pare de cavar”.
Madame Marie Curie foi uma mulher notável desde sua infância, nos primeiros anos de escola. Apesar de toda dificuldade que seus pais tiveram, ela foi sempre a primeira aluna. Ajudou sua irmã a se formar em medicina e depois ela mesma se formou em física, na Sorbonne e fez mestrado em matemática.
Ela se dedicou a muitos campos de pesquisa, mas sua paixão era pesquisar o segredo dos raios de urânio. Ela se dedicou ao campo da radioatividade (termo criado por ela) e abriu as portas para o estudo da física nuclear e da radiologia médica. Ela e sua filha Irene desenvolveram a radiografia, lutou para que as ambulâncias na França fossem equipadas com raio x, treinou os técnicos para operar os aparelhos e fundou o Instituto de Radiologia da Universidade de Paris. As pesquisas desenvolvidas por Marie Curie trouxeram-lhe grande reconhecimento: 15 medalhas de ouro, 19 títulos acadêmicos e 2 prêmios Nobel (física e química).
Curie observou: “Não se deve temer nada na vida; deve-se apenas compreender”. Sua inteligência e seu discernimento permitiram que ela compreendesse e descobrisse muitas coisas que causaram um impacto positivo no mundo.
O discernimento pode ser descrito como a habilidade de encontrar a origem do problema, o que depende tanto de intuição como de raciocínio lógico. Os líderes eficientes precisam de discernimento, embora nem mesmo os bons líderes evidenciem-no o tempo todo. O discernimento ajuda o líder na execução de várias coisas importantes:
1- Descobrir a razão dos Problemas. Os líderes não têm sempre informações suficientes para obter um quadro completo de tudo. Eles sempre precisam confiar no discernimento. O discernimento permite que um líder observe um quadro parcial, complete-o intuitivamente com as peças que faltam e encontre a verdadeira essência da questão.
2- Melhorar sua capacidade de solucionar problemas. Se você pode enxergar a raiz de um problema, pode resolvê-lo. Se você deseja fazer uso de seu potencial de discernimento, trabalhe em seus pontos fortes.
3- Avaliar suas opções para obter o máximo impacto. Robert Heller aconselha: “Nunca ignore sua intuição, contudo nunca acredite que isso seja o suficiente. O discernimento não se baseia apenas na intuição ou no intelecto. O discernimento permite que você use tanto a intuição quanto a razão para fazer a melhor escolha para sua equipe e sua organização.
4- Multiplicar suas oportunidades. Pessoas sem discernimento raramente estão no lugar certo, na hora certa. Os grandes líderes parecem ter sorte muitas vezes, mas, na verdade eles
Para melhorar seu discernimento, observe os seguintes pontos:
Analise os sucessos passados. Observe alguns problemas que você solucionou com sucesso no passado. Qual era a origem de cada um deles? O que desencadeou o seu sucesso?
Aprenda como os outros pensam – Quais os grandes líderes que você admira? Escolha algum cuja profissão ou cujos talentos sejam semelhantes aos seus e leia suas biografias. Ao aprender como outros líderes perspicazes pensam, você poderá incrementar seu discernimento;
Ouça seu coração.


II- Foco – Se você persegue dois coelhos, ambos escaparão.
Tony Gwynn é o maior batedor do beisebol americano dos últimos 50 anos. Com 1,80 e quase 100 quilos não tem aparência de um astro, mas ele é. Embora tenha um tremendo talento, a verdadeira chave do seu sucesso é o foco. Tony Gwynn adora jogar beisebol e dedica-se a isso. Ele lê tudo o que pode, passa longas horas vendo vídeos, fala o tempo todo sobre beisebol e treina em qualquer lugar.
O colunista George Will afirma que pessoas excelentes naquilo que fazem como Gwynn “desenvolveram um tipo de concentração desconhecida pela maioria das pessoas”. 
Qual deve ser o foco de um líder realmente eficiente? As chaves são prioridade e concentração. O líder que conhece suas prioridades, mas não tem concentração, sabe o que precisa fazer, mas nunca consegue fazê-lo. Se tiver concentração, mas sem prioridades, possui excelência sem progresso. Quando, porém, junta os dois elementos, reúne o potencial para alcançar grandes coisas.
A questão mais importante é: Como você deve concentrar seu tempo e energia?
1- Concentre 70% em seus pontos fortes. Líderes eficientes que atingem seu potencial dedicam mais tempo concentrando-se naquilo que fazem bem do que naquilo que fazem mal. Concentre em seus pontos fortes e desenvolva-os. É aí que você deve dedicar tempo, energia e recursos.
2- Concentre 25% em coisas novas. Crescimento equivale a mudança. Se você deseja melhorar, deve estar em constante mudança e desenvolvimento. Gwynn fez isso, quando ouviu o conselho de outro astro do esporte, Ted Williams, que lhe orientou a treinar em quadras fechadas ao invés de apenas em quadras abertas. Se você dedica tempo a coisas novas relacionadas à sua área forte, crescerá como líder. Não esqueça: Na liderança, se você parar de crescer, estará acabado.
3- Concentre 5% em seus pontos fracos. Ninguém pode deixar de trabalhar totalmente seus pontos fracos. A chave é minimizá-los o máximo possível, e os líderes podem fazê-lo delegando.
Como você se avalia na questão do foco? Você tem se especializado em coisas pouco importantes? Cuidado, isso pode denunciar perda de foco. Para voltar ao foco, veja o seguinte:
Concentre-se em si mesmo. Você é seu maior trunfo ou dano.
Concentre-se em suas prioridades. Você terá de lutar por elas.
Concentre-se em seus pontos fortes. Você pode atingir o seu potencial.
Concentre-se nas pessoas ao seu redor. Você não pode ser eficiente sozinho.
Para melhorar seu foco:
·         Mude para os pontos fortes. Faça uma lista de três ou quatro coisas que você faz bem em seu trabalho. Dedique 70% do seu tempo a eles.
·         Delegue seus pontos fracos. Identifique três ou quatro atividades necessárias a seu trabalho que você não faz bem. Determine como você pode delegar essas tarefas a outras pessoas.
·         Crie um limite. Agora que você avaliou suas prioridades, pense sobre concentração. O que é necessário para você alcançar o próximo nível em sua área de pontos fortes? Que novas ferramentas serão necessárias? Pense novamente em como você faz as coisas e disponha-se a fazer sacrifícios.

III- Generosidade – Sua vela não perde luz ao acender outra
A generosidade começa no coração. Elizabeth Elliot era missionária e se casou com outro missionário Jim Elliot. Eles trabalhavam no Equador. Jim e outros quatro missionários se dedicaram à evangelização de um grupo pequeno e isolado de índios chamados Auca. Esses índios tinham fama de selvagens. O registro mais remoto de contato com esse grupo indígena fora o assassinato de um padre, no século XVII.
Os cinco missionários fizeram contato com os índios através de um avião e começaram a se aproximar. Jogaram alimentos e presentes para conquistar a amizade dos índios. Semanas mais tarde eles desembarcaram em um pequeno trecho da praia no rio Curaray e fizeram um acampamento. Ali fizeram contato com três índios auca que pareciam amigáveis. Depois se encontraram com vários outros índios. Falaram com as esposas pelo rádio, e parecia que estavam fazendo progresso. Alguns dias mais tarde, os missionários não fizeram contato no horário marcado. Aconteceu o pior. Em suma, todos os cinco missionários foram mortos e foram encontrados dias depois já em estado de decomposição.
Sob tais circunstâncias, muitas pessoas no lugar de Elizabeth Elliot teriam voltado para casa. Estar disposto a abrir mão de uma vida confortável nos Estados Unidos para ajudar outras pessoas é uma coisa, abrir mão do próprio cônjuge é outra bem diferente. Elizabeth, porém, tinha um coração verdadeiramente generoso. A despeito de sua terrível perda, ela ainda desejava ajudar o povo equatoriano. Permaneceu e evangelizou os índios quíchua, que ela já conhecia.
O que aconteceu depois disso é ainda mais notável. Outros missionários continuaram tentando contato com a aldeia auca. Após cerca de dois anos, tiveram sucesso. Imediatamente Elizabeth dirigiu-se para a aldeia. Era para se vingar? Não. Era para trabalhar com aquele povo e evangeliza-los. Elizabeth viveu e trabalhou entre o povo auca por dois anos, e muitos deles alegremente aceitaram a mensagem do amor de Deus que ela levava, inclusive dois dos sete homens que tinham matado seu marido.
Nada fala mais alto às pessoas ou as atende melhor do que a generosidade de um líder. A verdadeira generosidade não é um acontecimento ocasional. Vem do coração e permeia todo aspecto de vida de um líder, no tocante a seu tempo, dinheiro, talento e posses. Desenvolva a qualidade da generosidade em sua vida:
1- Agradeça por tudo o que possui. É difícil uma pessoa ser generosa se não está satisfeita com o que possui. Se você não estiver contente com pouco, não se contentará com muito. Se não for generoso com pouco, não mudará subitamente caso se torne rico.
2- Coloque as pessoas em primeiro lugar. A Valoração de um líder não está no número de pessoas que o servem, mas no número de pessoas que ele serve.
3- Não permita que o desejo de posse controle você. Cada vez mais pessoas se tornam escravas do desejo de consumo. Richard Foster escreveu: “Possuir coisas é uma obsessão em nossa cultura. Se possuímos alguma coisa, sentimos que podemos controla-la, sentimos que ela nos dará mais prazer. Essa ideia é uma ilusão”. Se você deseja ter o controle de seu coração, não permita que os bens o controlem.
4- Considere o dinheiro um recurso. A única maneira de vencer quando se trata de dinheiro é não se apegar a ele – e ser generoso com ele, para realizar coisas de valor.
5- Desenvolva o hábito de doar. O industrial e milionário Andrew Carnegie escreveu um ensaio chamado Evangelho da Riqueza. Ele diz que a vida de uma pessoa rica deve ter dois períodos: um período de aquisição de riqueza e outro de redistribuição dela. A única forma de manter uma atitude de generosidade é criar o hábito de doar – tempo, atenção, dinheiro e recursos.
Você é um líder generoso? Busca continuamente meios de contribuir para as pessoas? Para quem está doando seu tempo? Está servindo com sua vida ao próximo?

Bibliografia:

John Maxwell, As 21 Indispensáveis qualidades de um líder, Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007, 140 p.

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